segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Silêncio

Se você não diz nada, eu crio as respostas que eu quiser. Se "quem cala, consente": o que houve foi lindo e nada mais. Não passou de uma brisa gostosa em um calor infernal. Eu crio os cenários na minha mente e faço deles brinquedos na mão de uma criança sorridente que faz do tempo circular. Brinca, diverte-se e, quando cansa, nem recolhe o artefato do chão. E depois começa do zero. O problema é que, a cada vez que ele joga, meus sentimentos pairam no ar, em um espaço do nada que não tem explicação. Se você não diz nada, a minha mente insiste em divagar. Devagar, ao longe, cria impossibilidades tão genuínas, que jamais poderiam ter lugar em uma realidade fulgaz. Calada, sigo pensando no que não disse, no que não fiz, mas sempre mais no que você não quis. Tivesse sabido antes, não teria tentado subir no maldito bonde em movimento e, assim, não quebrava a cara. Até parece. Eu sei, você sabe, todo mundo previa. Cair me parece costumaz. A diferença está no fato de que, a cada vez, levanto-me como quem aprendeu. A verdade é outra. Cometo sempre os mesmos erros e me fecho em mim. Quando me abro, certeza de que vou repetir.
Se você não diz nada, ouço o que bem entender. Se "a bom entendedor, meia palavra basta": pego as letras no balão e escrevo a música que gostaria de ouvir. Teço estórias e reconto ao vento pra ver se chegam aí. Mas ele parece que faz curva. 180 graus, de volta pra mim. A questão é que, quando chega, já não é igual. Sempre tem um ponto a mais, que, eu cismo em crer, você adicionou. E sigo tecendo a colcha de inverdades que conto a mim. Uma realidade paralela na qual o destino é feito por mim. Posso alterá-lo o quanto eu quiser e contar quantas vezes for. Mas, diante das impossibilidades, prefiro silenciar e ensimesmar...

2 comentários:

  1. Os seus poemas são lindos, como eram verdadeiramente lindos na época de escola, quando a gente inventou e cismou de escrever e de contar em palavras coisas do mundo dos sonhos. Queria tomar sua poesia para mim e fazer parte dela, queria retomar o nosso projeto de poemas e soprar palavras por aí, mas já não posso, pois caduco naquilo que digo e só o que me resta é perguntar se um dia podemos novamente montar, um livrinho como aqueles que fizemos, mas com seus lindos poemas e com as minhas ilustrações. Creio que amadurecemos cada uma a sua maneira e vamos deixando no nosso caminho a marca dos nossos passos e da nossa amizade.

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    1. Em primeiro lugar, obrigada! Acho que nunca parei de escrever desde os nossos tempos, antes quiçá. É mais forte que eu isso de colocar no papel idéias avulsas...
      Você sempre escreveu bem e isso não se desaprende, faz favor de voltar!! ;)
      E acho mais que válido fazermos um projeto de escrita-imagem para continuarmos a contar nossas histórias e a deixarmos nossas marcas por aí. :*

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