quinta-feira, 31 de julho de 2014

Falta

Me incomoda o vazio na estante. O espaço entre os tantos bibelôs me chama a atenção todo o tempo e não me permite observar o quadro geral e perceber a beleza da vida. A falta marca mais do que a presença - como que a saudade, espaço da ausência. Olho a estante e me perco encarando o que não está ali - mas o que é que falta?
Espalhados, os símbolos marcam o que é: em um canto, livros-saber; em outro, os elementos-vibração; no centro, anjos-conexão; acima pairam dizeres e pensamento; abaixo, caminhos. O quê, então, que não está?
Faltam ao vazio verbos de ligação: ser, estar, permanecer... Ser mais, estar de fato, permanecer por vontade. A conexão do centro do altar deveria interligar tudo ao redor, formar cadeias que se expandissem e que espalhassem... calor? Espaço que deveria ser preenchido de luz? Buraco que se abre na estante e no ser errante.
Falta amor. Está ausente a universalidade da compaixão e da bondade.
Falta ser... humano.

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