terça-feira, 5 de agosto de 2014

Aluamento

Dizem que são loucos aqueles que fazem as mesmas coisas repetidamente, esperando por diferentes resultados (EINSTEIN; dizem)... Eu sempre tive a plena certeza da loucura que corre em minhas veias: o histórico familiar denuncia; as atitudes - quase sempre impensadas - também. Mas, quando o louco começa a achar que a loucura está já excessiva, é sinal de que talvez mais que tantã seja. Talvez devanear tanto sobre a loucura já seja um suficiente sinal de que esta ultrapassou os limites. Pergunto-me se é caso a ser medicado, já que vejo seu rosto onde este não está. Seria um sinal da iminente necessidade de internação me pegar sorrindo pelo seu riso invisível?
Observo a loucura alheia e temo ser um dia como o que vejo, mas a realidade é que provavelmente já o sou sem ao menos perceber o quanto de insanidade vive em mim. Isso de viver múltiplas vidas é coisa típica de lunáticos: um pé na Terra, outro na Lua, presos entre dois tempos e espaços. E esse viés de quem escreve tem sempre um "teco" de sandice de quem cria estórias porque não sabe viver somente com as que a vida provê. Quiçá seja a criatividade um forma branda de doidice. Mas com tantas maneiras de enlouquecer, como saber se me enquadro na normalidade; como saber se seu toque é real? Devo me preocupar com a possibilidade de o abraço ser nada mais que uma camisa de força que, em vão, tenta me prender à realidade?
Se eu crio tantas vidas, será que você sequer existiu? Será que os beijos trocados foram reais? Será que outras antes de você eram fábula? Será que, depois de você, foram todas contos? Será que a parvoíce é tanta que eu me criei? Qual das de mim existe de fato? Qual das de mim é real?
Nesse criar sem fim, com tantas perguntas sem respostas, concluo que a loucura há muito já se instalou. Danço na corda bamba dos mundos como se não fosse possível me perder. Abraço sombras e tempos com as cordas que saem de mim. Prendo pássaros-vocês em gaiolas de vento que se esvaem nas nuvens. Estouro balões silenciosamente que certamente explodem em som em outras dimensões. Escrevo linhas sem nexo para dizer do que nem sei. Digo o não dito e não mostro nada por inteiro. Engulo em seco e faço chover no molhado. Perco-me no mundo da Lua sem a espada de São Jorge. Busco encontrar algo que não sei como buscar. Espero resultados diferentes de ações repetidas... Com tanta doidaria, será que tenho escapatória?