quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

(Ad)Miração

Para alcançar seu objetivo, é preciso conhecer. E assim, só assim, haverá felicidade.
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Como te conhecer se nem nos falamos? Como saber de ti se só ouço o silêncio que reverbera desde aquela última vez? Em "sonhos", vi um futuro que não pode nunca acontecer. Não faz o menor sentido. Já não pensava mais em ti desde nem sei quando. E, do nada, vem-me essa imagem, em meio a uma fuga da minha natureza, com uma certeza que assustaria qualquer um que já não lembrasse mais do que foi. Um futuro escrito em imagens aterrorizantes. Eis que pergunto às cartas e elas me respondem. Mas como te conhecer? Como ouvir quem se cala? Como entender o que nunca foi dito? Será que era conhecer-te ou conhecer-me? Será que posso chamar de objetivo algo que nunca me passou pela mente em "sã" consciência? Será que esse futuro era mesmo real? Será que as cartas estavam certas? Como obter respostas de um livro que não quer se abrir? Vi a capa, gostei. Li o título, interessei-me. Tive acesso ao prefácio e quis mais. Tentei abrir o livro, mas estava trancado. Soube da introdução por outrém e esta diz o oposto do que minha miração tentou mostrar.
As mesmas cartas me disseram pra ir em frente quando titubeei em ver-te na estante, lá atrás. Eu estiquei os braços com suspeitas e toquei a lombada como quem busca conhecer toda a história por um toque. Foi eletrizante, o livro-tu grudou em minhas mãos em um mero instante e eu já não queria largar. Mas eu não tinha a chave... Então me desvencilhei da história antes que soubesse mais coisas que me chamassem a atenção e larguei o livro de volta na estante para que o verdadeiro dono, aquele que possui sua chave, possa te abrir. Porque sua história merece um leitor digno, alguém que se encaixa em suas entrelinhas. E talvez conhecer-te seja saber que tua felicidade está em outro lugar; que teus capítulos têm outras personagens. E que a minha está em ser feliz por essas outras histórias e em perceber que aquelas imagens não passaram de conexões estranhas de um cérebro que nunca foi normal.